[De or. controversa; do lat. vulg. *ingulare (com mud. de conjug.), ou de en-2 + gola (< lat. gula, ‘garganta’) + -ir, poss.]
Verbo transitivo direto.
1.Passar da boca ao estômago; deglutir:
“tomou a sopa, engoliu um comprimido.” (José Carlos Cavalcanti Borges, O Assassino, p. 23); “Engoliu um copo de cerveja de uma só vez” (Pelópidas Soares, Cordão dos Bichos, p. 11).
2.Sorver, tragar; subverter:
A enchente engoliu as casas.
3.Devorar, consumir:
O lobo engoliu o cordeiro.
4.Aceitar como verdadeiro; acreditar em:
engolir mentiras.
5.Sofrer em segredo, ou sem protesto; dissimular:
Discreto, engole as mágoas;
“João, homem de não engolir um desaforo, viverá sem ganho certo” (Osmã Lins, Nove, Noventa, p. 88).
6.Subverter; revolucionar.
7.Fig. Transpor, ultrapassar, num percurso:
O automóvel ia engolindo os marcos da quilometragem. [F. express.: engolipar. Irreg. Muda o o da raiz em u na 1a pess. do sing. do pres. ind.: engulo, e, pois, em todas as pess. do pres. subj.: engula, engulas, engula, engulamos, engulais, engulam.]
seco
(ê) [Do lat. siccu.]
Adjetivo.
1.Desprovido de umidade, ou de líquido; enxuto:
o leito seco de um rio: palha seca.
2.Sem umidade atmosférica, ou sem chuva:
clima seco;
vento seco;
trovoada seca.
3.Sem vegetação; árido:
terra seca.
4.Diz-se da planta, ou de parte dela, que está ressequida ou murcha:
galho seco.
5.Privado da umidade ou do líquido que lhe é natural:
garganta seca.
6.Diz-se dos alimentos aos quais, mediante determinados processos, se extraiu a umidade, para melhor conservação:
carne seca;
frutas secas.
7.Diz-se do pão ou de outro alimento que se come sem manteiga nem outro conduto.
8.Magro, descarnado.
9.Fig. Diz-se de ruído sem ressonância:
uma pancada seca.
10.Fig. De poucas palavras; sério, austero, severo:
Seu feitio seco impunha respeito geral.
11.Fig. Ríspido, rude, áspero:
“No fim de contas, aquela recusa grosseira, seca, o ofendia!...” (Aluísio Azevedo, O Mulato, p. 222.)
12.Fig. Que não manifesta carinho ou ternura; que não se deixa enternecer:
É uma pessoa seca, mas compreensiva.
13.Fig. Sem ornatos; severo, despojado:
estilo seco.
14.Fig. Sem rodeios; direto, objetivo:
informação seca e precisa.
15.Pop. Esgotado; vazio.
16.Bras. Fam. Desejoso, sequioso:
Está seco por sair. ~ V. alfândega —a, avalancha —a, dique —, dobra —a, estufa —a, farinha —a, fio —, friso —, gangrena —a, lei —a, matriz —a, missa —a, névoa —a, ofsete —, pane —a, pedra —a, pilha —a, pólvora —a, recitativo —, relevo —, tirão —, tosse —a, verga —a e vinho —.
Substantivo masculino.
17.Lugar ou terreno seco, enxuto.
18.Bras. N. Baixio de areia deixado a descoberto pela vazante. [Flex.: seca (ê), secos (ê), secas (ê). Cf. seco, seca, secas, do v. secar; seca, s. f., pl. secas; ceco, s. m., e ceca, el. s. f.] ~ V. secos.
A seco. 1. Sem qualquer provento. 2. Apenas com o ordenado, sem comida; à seca. 3. Mús. Diz-se do canto sem acompanhamento instrumental.
Em seco. 1. Mar. Diz-se da embarcação que se encontra inteiramente fora da água.
Estampar a seco. 1. V. gofrar (3).
Mariscar no seco. 1. Bras. Bicar na terra à busca de insetos, grãos, etc. (a ave).
É, voltamos com as "artes humanas". Não as plásticas, nem dramáticas. Tampouco a música. Talvez o que está em questão nas análises do DB seja exatamente o que essas "artes" produzem na gente, ou que o visam produzir pelo menos.
A "arte de engolir seco" é para poucos. Todo mundo engole sapo. Todo mundo engole choro. Mas engolir seco, são poucos. Ou muitos. Não sei. Mas só quem já teve que passar por isso sabe que é completamente diferente engolir um sapo do seu chefe, ou conter o choro na hora que tá levando um pé na bunda.
Engolir seco é uma arte. Muito próxima do perdão, sem rancor e sem ressentimentos. É a pior das decepções. Não dá muito pra explicar como é isso. É mais ou menos como a tequila: você paga caro, não gosta e nem quer saber qual o gosto. Engole e pronto. Sem frescura. Sem cara feia. Sem nada. Sem saber de onde veio...
É uma sensação estranha depois que aquilo tá no seu estômago. Fica ali, ardendo, remexendo, bufando... mas já tá lá. "Missão cumprida" é a sensação sabem?
Talvez, só talvez, quando alguém te faz engolir seco, aquele "glup" sonoro, não o faça por mal. Não, eu tenho certeza: ninguém faz isso por mal. Das duas uma: ou você mereceu, ou não. Se não mereceu, bem, as coisas e as relações humanas não são as coisas mais fáceis de se entender ou explicar. Somos tão inconstantes, mutáveis, instáveis.
Se não controlamos energia atômica, como podemos ser tão arrogantes a ponto de achar que conseguimos nos controlar?
E aqui, volto à idéia da tequila. Aquela que ajuda a engolir tudo de ruim - já que o prazer consta em sentir a garganta queimar até a ponta do estômago, fazer careta e pensar: PRONTO!
O negócio é engolir e ir para a próxima rodada...
Saravá!
PS: Claro que o DB gosta de tequila. Ainda mais a
E por ironia do destino, essa mesmo tequila é que fez o DB escrever o post...
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