sábado, maio 10, 2008

O primeiro 04/05 a gente nunca esquece.

Quatro de maio de 2008, tarde clara e fria em São Paulo. E no estádio Palestra Itália 27.000 pessoas viviam uma agitação radiante. Era final do campeonato paulista de 2008 e a Sociedade Esportiva Palmeiras voltava a disputar uma final de campeonato em casa.

A agitação começara no domingo anterior, quando o Palmeiras já havia vencido o adversário na casa dele: SE Palmeiras 1 x 0 AA Ponte Preta.

Naquela semana, o Palmeiras iria encarar ainda outra decisão: jogo de volta das oitavas de final pela Copa do Brasil.
Na quarta, um time irreconhecível. Mas era claro que o problema era psicológico. Tomar um sapeca iá-iá daqueles do nada não fazia o menor sentido.
Durante a semana, a torcida palmeirense já começou a saga pelos ingressos. A grande esperança era o setor VISA: começou a vender na surdina da segunda-feira, por volta das 14:00. Antes da meia noite, todos os ingressos já tinham ido pra Jesus. A fila na Turiassu já estava formada antes das 22:00, assim como a certeza de que ia dar merda. E deu.
Mas vamos nos ater ao evento. O DB conseguiu um ingresso graças à um grande amigo de Santos. A torcida seria reforçada com Parrrmeristas do interior, mas graças ao rolo com os ingressos no clube, não conseguiram vir. Vieram, no entanto, amigos de Brasília e do RJ. Juntou com o pessoal de Santos e Floripa... e bora a caravana Parmerista!

No sábado, a ansiedade dominava. Apesar de toda a distração, toda a novidade, a emoção tomava conta do coração verde a toda hora. Era só pensar na finalíssima e na certeza de desentalar aquele grito maravilhoso que já sentia o frio na barriga.
Fui dormir às 04:00 da manhã - mais cedo seria impossível.
Levantei às 11:00 de domingo, vesti a camisa da Parmalat (93), o quebra vento à la Caio Junior e fui encontrar-me com parte da caravana no metro.
É impressionante como às vezes nos sentimos tão à vontade em lugares tão longe de casa. Não há lugar mais aconchegante para o palmeirense que a estação Palmeiras - Barra Funda do metrô de SP. É como entrar na varanda da casa ou no hall do prédio que moramos. O coração, ao mesmo tempo que se acalma, se agita, pulsa, grita: tá chegando a hora!

Parada no Bourbon para o almoço e o primeiro presente. A emoção de ver seres Divinos ao vivo. Entre mortais.
Um senhorzinho todo de verde e de olhos claros. De olhar e postura serena, dizia: "Calma gente, dá tempo...". Sim, Ademir da Guia foi distribuir um pouco de sua simpatia para aqueles sortudos que estariam dentro do Palestra Itália em instantes.

15:00, tá quase na hora! Entrei no estádio após me despedir dos amigos, mas foi o melhor "até logo" que já disse na vida.
16:00. Tá na hora do pau! A Sociedade Esportiva Palmeiras entra em campo e mais de 27000 gargantas berram e se emocionam com os 12 que estão em campo. Um deles, o camisa 12 é mais que especial. Ele é um símbolo, é a bandeira. É voz e coração do torcedor em campo. Ele é São Marcos. Aquele que opera milagres e solta um sorriso de 10 em cada 11 pessoas que têm a oportunidade de chegar perto dele.
O jogo é nervoso, ansioso. Sai o primeiro gol, lááá longe... mas quando o Santo comemora, a torcida não aguenta! Grita, pula, se abraça. Gente que nunca se viu mais parecem amigos distantes. Na subida de Elder Granja e no arremate certeiro de careca do camisa 9 alvi-verde, a galera não consegue mais segurar: É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!

Vem o intervalo. Os piores 15 minutos da minha vida. Inverte-se o campo, o Santo já está no gol oposto à localização do DB. Mal podia acreditar: eu fazia parte da história do Gigante Verde!
No terceiro gol, dele, do Mago, do craque, do ídolo Jorge Valdívia. Um golaço. Uma arrancada da intermediária até a entrada da área e um canhão no canto direito do goleiro Aranha. A cerca de 20m deste que escreve. Lindo. Lindo! Emocionante!

As lágrimas são contidas com esforço. É, indiscutivelmente, campeoníssimo! E mal sabia eu e meus mais de 27000 companheiros de estádio e uns outros milhões por aí que o camisa 9 ainda anoaria mais dois gols, tornando-se artilheiro do campeonato. Ainda deu tempo de homenagear o aprendiz de santo!

Quando o juiz pede a bola e aponta o centro de campo, a torcida desaba. Eu desabo. Mal enxergava o que acontecia no gramado. Com os olhos marejados gritava com pulmão, alma e coração: é campeão!
Gritei por mim, pelos que não conseguiram ingresso, pelos que estavam ao meu lado, pelos que estavam comigo, mesmo que do outro lado da arquibancada. Quando Ele correu em direção à torcida e vibrou conosco, meus olhos já nao me deixavam ver mais nada. Se ele chorou, quem era eu para segurar a emoção?
Ao sair do estádio, rouco e feliz, feliz como nunca e feliz como poucos, tive a certeza do meu amor por você Palmeiras. Obrigado!
A noite terminou da melhor forma possível: em festa com grandes e sinceros amigos, parabenizando a Sociedade Esportiva Palmeiras pela conquista do 24º título paulista.

Saravá!

PS: obrigado aos amigos que estiveram lá (Árvaro, Valdemir, Ana, Zé, Belentani, Pedro Ivo, Tadeu). Obrigado aos parmeristas que não podiam estar fisicamente conosco (PC, Lucao, Tofas, Liveraro, Magro, Penchiari e Penchiari II, Nivardo, JL, meu pai, minha irmã)... e obrigado Profexô Luxa, São Marcos, Elder Granja, Gustavo, Henrique, Leandro, Pierre, Martinez (ex Múmia), DSouza, Vardívia, Krébi C. e Alex tio Chico Mineiro (by lucao).
PS2: a música que não parava de tocar, além do hino palestrino, dizia: One love, one blood, one life...

2 comentários:

Nivaldo disse...

Baratta!
Belíssimo relato, tocante.
Obrigado por ter gritado por mim no Palestra, amigo.

Unknown disse...

Aeeee

Olha eu lá com a camisa do campeão paulista!

Baratta não recebi essas fotos, manda quando puder!

Abs.

Árvaro 8/80