sexta-feira, janeiro 18, 2008

Da arte do saudosismo


"Saudosismo: sm. Gosto do passado, com tendência para o superestimar."
Isso segundo o Aurélio. Segundo o Distinto Blogueiro, difícil definir. É muito tênue a linha entre a saudade e o saudosismo. Oras, quem não gosta de passar pela rua em que morou por 10 anos e fez todos os seus amigos por ali?
Quem que não gosta de ver as fotos antigas da família e dizer que aqueles tempos é que eram bons?
Que atire a primeira pedra!
Há um "quê" de saudosismo nas pessoas. Todos precisamos nos lembrar das coisas que nos trazem até onde estamos.
A ex-namorada sacana, a ex-namorada que virou esposa. A filha que era rebelde, tomou jeito e agora te traz o netinho todo dia de manhã. Aquele amigo que estava ali na hora certa. E que hoje vocês sequer se lembram do rosto de cada um.
Na última terça-feira o DB foi na Papa Genovese, na Barra Funda. Sempre que passo por lá, só tenho boas lembranças: seja do Palmeiras ou de otras cositas más.
Descer do metrô e andar naquele terminal, ver a paisagem já sem chuva e lembrar-me das vezes em que voltei de lá berrando "olê olê".
Andar no shopping Paulista e não lembrar das tardes em que minha avó me levava para comer um gigante McLanche Feliz! Ou depois, quando cresci e entendi para que serviam as mulheres, me lembro até hoje da moça de camiseta da Guaraná Brasil em frente à Fotoptica.
Ter memórias como estas faz bem. São elas as nossas raízes. Mesmo o mais amargo ser humano - que deve ser o mais amargo por alguma memoria - sempre tem algo para sorrir quando passa por um lugar querido.
Olhar pro relógio do Cebolinha e não lembrar dos tempos em que o pai trazia um presente diferente (e caro) por semana, ou daquele Jaspion que sua mãe se matou pra conseguir numa tarde... que fantástico lembrar disso!
Sei lá, acho que pra quem foi arrancado de sua trajetória original, ser saudosista é uma forma de não se perder do plano anterior. Tem coisas que, seja Deus ou o destino, ou o que o leitor preferir, acontecem por algum motivo. Às vezes não enxergamos os motivos e talvez, apenas talvez, a cicatriz do saudosismo esteja ali para nos lembrar do que precisamos: sentir-se vivo, vibrante, amante.
Ser saudosista não pode ser considerado um defeito. Talvez um vício, no sentido de que viver do passado é um conforto - e o é. No entanto, deve-se sempre olhar para frente. Para que novos e maravilhosos momentos possam ser guardados para a posteridade.

Saravá!

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