sábado, agosto 23, 2008

Quando a imensidão fica pequenininha

O Blogueiro resolveu sair pra jantar com a patroa hoje.
Antes de ir pro restaurante, bem pouco antes, estava eu no meu lugar quando dois meninos vieram me pedir grana pra "comprar um arroz".
Eu não costumo dar grana, não acho que seja legal. Puta dó... mas não dei o tutu e fui comer.
Enquanto estava no restaurante, apareceu um menino que aparentava uns doze anos, de terno e gravata, vendendo rosas.
Putz... me estragou a noite. Não, não de um jeito ruim não. Me estragou porque eu fiquei pensando em quantas rosas o menino teria que vender só pra pagar um jantarzinho igual ao meu. Se ele entrou no restaurante e não vendeu nenhuma, o que será que ele jantou?

Vá lá, talvez ele tenha roubado as rosas da mãe pra comprar uma chuteira nova. Ok, não é lá tão nobre assim. Mas a sensação de "como sou mão-de-vaca, mesquinho e arrogante" ficou. A sensação de fazer parte e pior, concordar, com um mundo em que crianças sequer têm noções ou condições básicas de sobrevivência. Falo de higiene, teto e comida no prato.
Queria saber onde foi que eu deixei aquela vontade toda de mudar o mundo... quando que comecei a achar justo que eu tenha salmão pra comer, enquanto o meu igual não tem nem como pescar.

Por outro lado, tenho uma teoria que talvez soe arrogante, prepotente, sei lá. Não é algo agradável... mas às vezes tenha a impressão que o mundo é medíocre. Mediano. Na média. O "seis", pra passar de ano. Tenho a ligeira impressão que a grande maioria das pessoas não quer nada mais do que têm, do que podem. Não digo que são ruins. São medianos. Não correm riscos, mas também não
levam nada. Bom, ruim, não sei. Altamente subjetivo!

Penso que no final das contas, parte das pessoas não se importa com os desfavorecidos. E parte destes, não se importa de estar nessa situação, pois fazem parte de uma "média".

Uso como fato os programas de "bolsa família" do governo. Pessoas que passavam fome, hoje recebem tutu pela quantidade de filhos que têm. Isso não é justo comigo, que ralo 9-10 horas por dia pra comprar o meu paozinho. Mas isto não tira o direito do cara que passou a vida fazendo filho de ter pao e água na mesa do café.
O fato de eu estudar e trabalhar não me dá o direito de esnobar um vendedor de rosas. Ou dá?

Saravá...

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