quarta-feira, setembro 16, 2009

Mão-de-obra pré-histórica

Eis o blogueiro de volta! Mesmo com os olhos ardendo, vou blogar.
Esse post nasceu no feriado de Independência, onde acabei tirando uns dias pra sair de São Paulo e dar um pulo numa tranquila cidade do litoral paulista, Guarujá.
Ou seja, do fogo pra frigideira...
Enfim, vamos ao que interessa.
Aproveitando o gancho e o feriado, o blogueiro, cansado da correria do escritório (onde utilizo um computador razoável, uma cadeira confortável e uma mesa ergonomicamente correta para trabalhar), cansado do stress (apesar de ter carteira assinada e assistência médica) e da pressão por resultados (mesmo não tendo que vender o almoço pra pagar o jantar) resolvi pegar a minha mala verde e branca e chispar da capital.
No sábado, mesmo com o tempo nublado, fiquei na praia o dia inteiro, de bobeira, curtindo um mormacinho e tomando água de côco, pensando na vida e em como fazer pra entregar o calhamaço de relatórios mensais até o dia 10... quando um barulho me traz de volta à terra. O barulho, de uma lata sendo amassada começou a me irritar, já que não parava e fui ver qual fedelho estava importunando o meu feriado! "Que saco! Cadê o pai desse bostinha?", pensei eu.
Quando olhei para trás, uma senhora de aparência miserável tinha uma sacola plástica cheia de latinhas de refrigerante e cerveja, todas elas vazias.
Ela estava com uma pedra nas mãos, e cacetava a pedra contra a lata, a fim de "achatar" a latinha e assim, poder coletar mais latinhas pela praia.
Ao meu redor, ninguém reparou (acho eu). Eu, no entanto, fiquei em choque. Quantos anos já não se passaram desde que o homem dominou o fogo e desenvolveu novas ferramentas de trabalho? Aquela imagem ficou gravada na minha cabeça. Uma pessoa, um igual, utilizando-se de uma ferramenta pré histórica. Fiquei ali um tempo, observando a senhorinha amassando as latas e matutando comigo: que sociedade é essa que vivemos? Aquela senhorinha, que devia ter, sei lá... uns sessenta pra setenta anos, amassando latinhas com uma pedra.
Será que ela não merecia, pelo menos, uns dias de descanso feito os meus? Não importa o que a levou até aquele ponto. O que me choca (chocou) foi o fato de ela não ter outra opção além da pedra. A PEDRA! Nem os Flintstones usavam pedras para trabalhar...
É nessa hora que me irrito quando ouço colegas de trabalho reclamando do emprego. Da vida que têm. Queria mostrar pras pessoas que só fazem reclamar do lugar que estão, nunca se esforçando para dar o passo à frente. Ou pro lado, que seja. Falta vontade de ser maior, melhor - ou simplesmente, diferente. Vai ver que aquela senhorinha também só reclamava do emprego, sem ver que era o emprego que ela tanto reclamava, que lhe dava dignidade. Porque não há dignidade maior do que viver com o resultado do seu suor, do seu trabalho.
Isso aquela senhorinha me ensinou...

Saravá!

2 comentários:

Patricia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Patricia disse...

(confesso que estava meio desatualizada do teu blog, fazia bastante tempo que não passava por aqui... e não é que eu vim na hora certa? Tava precisando ler alguma coisa assim... gostei muito.)